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Balanço de Energia (1): fluxos de superfície, leis de radiação e radiação líquida

Balanço de Energia (1): fluxos de superfície, leis de radiação e radiação líquida

Este artigo apresenta conceitos básicos para modelar vapor d’água: o que é fluxo na superfície, como energia vira evaporação, as leis de radiação e como calcular a radiação líquida.

Radiação
Relação entre a radiação emitida pelo Sol e as parcelas absorvidas, refletidas e irradiadas pela Terra

1) Conceito, contextualização e importância

A energia solar é o motor do ciclo hidrológico. Ela aquece a superfície, move o vapor d’água e sustenta a evaporação e a evapotranspiração.

Três perguntas guiam o estudo: Quanto de radiação a Terra recebe por dia? Como se distribui ao longo do ano? O que controla essa variabilidade?

2) Fluxos de superfície (definição e unidades)

2.1. Definição de fluxo

Fluxo é a quantidade que atravessa uma área unitária por unidade de tempo, na direção considerada.

Fluxo é, portanto, perpendicular à área de superfície.

2.2. Principais fluxos superficiais

  • Fluxo de evaporação, $E$ — fluxo de massa de água [kg m-2 s-1].
  • Fluxo de calor latente — energia associada à evaporação: $\lambda E$ [W m-2], com $\lambda$ o calor latente de vaporização.
  • Fluxo de calor sensível, $H$ — fluxo de calor por gradiente térmico [W m-2].
  • Fluxo de radiação solar, $S_r$ — fluxo de radiação [W m-2].

Conversão útil: 1 mm dia-1 ≈ 28,6 W m-2 (≈ 30 W m-2).

3) Formulação matemática

3.1. Fluxo de calor latente

$$
Q_\mathrm{lat} = \lambda E
$$

  • $Q_\mathrm{lat}$ — fluxo de calor latente [W m-2].
  • $\lambda$ — calor latente de vaporização [J kg-1] (use $\lambda \approx 2{,}454\times10^{6}$ J kg-1).
  • $E$ — fluxo de evaporação [kg m-2 s-1].

3.2. Lei de Stefan–Boltzmann (corpo negro)

$$
R = \sigma T^{4}
$$

  • $R$ — fluxo radiativo emitido por unidade de área [W m-2].
  • $\sigma = 5{,}67\times10^{-8}$ W m-2 K-4 — constante de Stefan–Boltzmann.
  • $T$ — temperatura absoluta [K].
Relação entre o comprimento de onda (abscissa) e irradiação emitida.

3.3. Superfícies “cinza”: albedo e emissividade

Albedo ($\alpha$): fração da radiação solar de onda curta refletida pela superfície (≈ 0,15–0,25 para vegetação verde, até 0,80–0,90 para neve fresca).

Emissividade ($\varepsilon$): razão entre a radiação emitida pela superfície e a de um corpo negro à mesma temperatura (superfícies naturais: 0,95–0,99).

3.4. Radiação líquida na superfície

$$
R_n = R_s\,(1-\alpha_s) + \varepsilon_s\,R_{ld} – R_{lu}
$$

  • $R_n$ — radiação líquida [W m-2].
  • $R_s$ — radiação solar de onda curta incidente [W m-2].
  • $\alpha_s$ — albedo da superfície [–].
  • $R_{ld}$ — radiação atmosférica descendente (onda longa) [W m-2].
  • $R_{lu}$ — radiação de onda longa emitida pela superfície [W m-2].
  • $\varepsilon_s$ — emissividade da superfície [–].

Observações práticas: $R_n$ pode ser medido por radiômetros líquidos; para maior precisão, estime cada componente separadamente.

4) Exemplo prático — conversão energia–água (Lago Tana)

Dados: evaporação anual $E_\mathrm{anual}=1{,}5$ m ano-1; densidade da água $\rho_w=1000$ kg m-3; calor latente $\lambda=2{,}454\times10^{6}$ J kg-1; radiação solar média incidente $R_s=325$ W m-2.

Passo 1 — fluxo de massa (converter m ano-1 para kg m-2 s-1):

$$
E = \frac{\rho_w \, E_\mathrm{anual}}{365 \times 24 \times 60 \times 60}
= \frac{1000 \times 1{,}5}{31{,}536{,}000}
\;\approx\; 4{,}76\times10^{-5}\ \mathrm{kg\,m^{-2}\,s^{-1}}
$$

Passo 2 — fluxo de energia (calor latente):

$$
Q_\mathrm{lat} = \lambda E
= 2{,}454\times10^{6} \times 4{,}76\times10^{-5}
\;\approx\; 1{,}17\times10^{2}\ \mathrm{W\,m^{-2}}
$$

Passo 3 — balanço de energia (proporção da radiação que “vira” evaporação):

$$
\frac{Q_\mathrm{lat}}{R_s} \approx \frac{117}{325} \approx 0{,}36 \;\; (\text{36%})
$$

O restante vai para reflexão (albedo), aquecimento do ar (calor sensível), aquecimento do solo/água e emissão de onda longa.

Dica: insira aqui a lâmina “Energy–water conversion (Lake Tana)”.

5) Tabelas úteis (ordem de grandeza)

5.1. Albedo de superfícies naturais

Superfície Albedo (–)
Água profunda 0,04 – 0,08
Solo escuro úmido 0,05 – 0,15
Vegetação herbácea verde 0,15 – 0,25
Grama seca / restolho 0,15 – 0,20
Floresta de coníferas 0,10 – 0,15
Floresta decídua 0,15 – 0,25
Neve (recente) 0,80 – 0,90

5.2. Emissividade de superfícies naturais

Superfície Emissividade (–)
Solo exposto (mineral) 0,95 – 0,97
Solo exposto (orgânico) 0,97 – 0,98
Vegetação herbácea 0,97 – 0,98
Vegetação arbórea 0,96 – 0,97
Neve (antiga) 0,97
Neve (recente) 0,99

6) Incertezas e por que importam

  • Medição: calibração e resposta espectral de radiômetros; estimativa de $\alpha$ e $\varepsilon$.
  • Variabilidade: heterogeneidade de superfície; sazonalidade.
  • Parâmetros: $\lambda$ varia com a temperatura; escolha de $\varepsilon$ e $\alpha$ influencia $R_n$ e, portanto, $E$.

7) Conclusões e observações

Fluxos de superfície conectam energia e água. O calor latente traduz evaporação em watts por metro quadrado. A radiação líquida depende de albedo, emissividade e das componentes de onda curta e longa. Esses conceitos sustentam a modelagem de vapor d’água e a estimativa de E/ET.

Radiação

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