A importância da visão integrada no projeto de bacias de detenção
Com o desenvolvimento das cidades, aumento das impermeabilizações e consequente aumento de velocidades de escoamento, impactos negativos como enchentes são cada vez mais frequentes.

A grande questão é que estamos entrando em um cenário de insegurança. Por um lado, a população ocupa as partes mais baixas onde se encontra a calha menor dos rios.
Essa calha menor é a região alagada com certa frequência, mas, aparentemente, não representa risco iminente para a população, haja vista que, na maior parte do tempo, o rio encontra-se abaixo da cota de suas casas.
O problema é nos períodos de chuva, em que com frequência relativamente alta essa cota é atingida.
Então temos um problema de engenharia.
Como resolver isso em um cenário que tende a se intensificar pelo aumento da densidade populacional, pelo uso/ocupação do solo e pelas mudanças climáticas que apontam para uma intensificação das precipitações mais fortes?
Uma estratégia comum tem sido o uso de bacias de detenção. Um exemplo clássico é o projetado por Aluísio Canholi, o Piscinão do Pacaembu.
Uma obra com capacidade de armazenamento de 74 mil m³ de água. Os resultados para controle de cheias são satisfatórios, porém, o ponto importante muito pouco mencionado é a necessidade de integração com outras bacias de detenção, caso existam em bacias a montante que desaguem para a bacia a ser projetada.
Problema de Bacias com Reservatórios em Cascata
A figura abaixo apresenta um esquema dos hidrogramas de duas bacias, na qual a bacia 1 deságua na bacia 2.

A figura mostra que a vazão em uma bacia que recebe outra a montante pode ser superior se uma bacia de detenção for projetada sem considerar seu impacto no sistema de drenagem receptor.
Desse modo, os estudos hidrológicos e hidráulicos de bacias de detenção devem considerar aspectos locais, como as características da bacia de estudo, mas, principalmente, aspectos globais das bacias que recebem, pois uma técnica compensatória pode aumentar riscos se for mal planejada.

Mestre e Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento pela USP – São Carlos. Vencedor do Prêmio Tese Destaque de teses da USP (2024) e autor de diversos artigos nacionais e artigos internacionais. Pesquisador de Pós-Doutorado II na University of Arizona, Department of Hydrology and Atmospheric Sciences, USA. Engenheiro civil formado pela Universidade Estadual de Maringá. Fundou o canal Engenheiro Planilheiro em 2017 após perceber que suas planilhas poderiam dar uma contribuição real para diversos engenheiros, arquitetos e profissionais da área, contando com mais de 100 mil planilhas já baixadas e diversos clientes atendidos no Brasil e no mundo.