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Estudo Hidrológico e Hidraúlico – Cota mínima de ponte para TR = 100 anos

Estudo Hidrológico e Hidráulico de Pontes

Pontes geralmente precisam ser dimensionadas, mantendo a altura do tabuleiro superior acima da cota de inundação adotada como crítica em seu dimensionamento.

Dependendo da magnitude e da importância destes elementos, a recorrência mínima tipicamente adotada para eventos de projeto dessas obras de arte ultrapassa 100 anos de tempo de retorno.

Nesse artigo, vamos determinar a cota mínima que uma ponte deve ter para suportar uma cheia de um tempo de retorno conhecido.

Aqui apresentaremos, passo a passo, a metodologia de como fazer, aplicando-a a um exemplo.

Apesar de ser um tipo de obra feita com alguma frequência, muita negligência e falta de análise técnica são encontradas em projetos que envolvem estudos hidrológicos e hidráulicos de ponte.

Neste artigo vou te ensinar como fazer um estudo simples, porém prático e fundamentado em princípios hidrológicos e hidráulicos.

1 – Definição do problema

Vamos imaginar que uma licitação deverá ser elaborada para a construção de uma ponte na seção exutória de um rio, em uma determinada bacia hidrográfica. 

Assim, solicita-se um estudo hidrológico e hidráulico para determinar a cota mínima da ponte para um tempo de retorno de 100 anos.

1.1 – Dados de Entrada

O Estudo Hidrológico e Hidráulico de Pontes requer diversos dados, que serão apresentados neste texto.

Devemos determinar parâmetros da curva de intensidade duração e frequência (IDF) da região.

Em seguida, os parâmetros da bacia hidrográfica devem ser levantados, e, finalmente, os dados da batimetria do rio na seção exutória também devem ser levantados.

1.1.1 – IDF

Os parâmetros da curva IDF tipo Sherman são apresentados abaixo:

K = 3450, a = 0.225, b = 58.409, c = 0.947

1.1.2 – Bacia Hidrográfica

Além disso, o Estudo Hidrológico e Hidráulico de Pontes requer dados relativos à bacia hidrográfica.

Informações como a área de drenagem da bacia hidrográfica, comprimento do talvegue principal, sua declividade média e rugosidade média da bacia podem ser utilizadas para descrever o comportamento hidrológico de geração de escoamento na bacia.

  • A = 60 km2 (área de drenagem)
  • L = 5 km (comprimento do talvegue principal)
  • i = 0.015 m/m (declividade média do talvegue)
  • n = 0.035 (coeficiente de rugosidade médio da bacia)
  • %Aimp = 10 (porcentagem de área impermeável diretamente conectada na bacia)

1.1.3 – Uso e Ocupação da Bacia Hidrográfica

A geração de escoamento superficial em uma bacia hidrográfica depende fortemente do seu grau de impermeabilização e da caracterização da infiltração da água no solo em função de suas propriedades físicas, como, por exemplo, a condutibilidade hidráulica saturada do solo.

O método SCS-CN, no entanto, agrupa ambas as informações em um único parâmetro empírico, denominado Curve-Number, que tem por ideia fazer a caracterização da bacia hidrográfica na geração de escoamento superficial.

Neste exemplo, 4 tipos de uso do solo são adotados. Imaginemos que cada um deles represente um tipo de uso e ocupação e corresponda a uma porcentagem da bacia hidrográfica.

CN1 = 61 (4%)

CN2 = 59 (15%)

CN3 = 66 (40%)

CN4 = 71 (41%)

 

Números de Curva (CN) por uso e cobertura da terra, segundo o grupo hidrológico do solo.
Grupos: A = alta infiltração (arenosos);
B = infiltração moderada (franco-arenosos);
C = baixa infiltração (franco-argilosos/compactados);
D = muito baixa infiltração (argilosos/rasos, lençol raso).

\[
\begin{array}{@{}lcccc@{}}
\hline
\text{Uso e cobertura da terra} & \mathbf{A} & \mathbf{B} & \mathbf{C} & \mathbf{D} \\
\hline
\text{Área urbana adensada (contínua)} & 89 & 92 & 94 & 95 \\
\text{Área urbana dispersa (descontínua)} & 77 & 85 & 90 & 92 \\
\text{Áreas industriais e comerciais} & 81 & 88 & 91 & 93 \\
\text{Vias e ferrovias (e entornos)} & 83 & 89 & 92 & 93 \\
\text{Aeroportos} & 83 & 89 & 92 & 93 \\
\text{Áreas de lavra/extração mineral} & 81 & 88 & 91 & 93 \\
\text{Aterros e bota-fora} & 81 & 88 & 91 & 93 \\
\text{Canteiros de obras} & 77 & 86 & 91 & 94 \\
\text{Parques e praças urbanas} & 49 & 69 & 79 & 84 \\
\text{Instalações esportivas e de lazer} & 49 & 69 & 79 & 84 \\
\text{Terra arável não irrigada} & 60 & 72 & 80 & 84 \\
\text{Vinhedos} & 43 & 65 & 76 & 82 \\
\text{Pomares e cultivos de frutas} & 43 & 65 & 76 & 82 \\
\text{Pastagens} & 30 & 58 & 71 & 78 \\
\text{Culturas anuais associadas a perenes} & 58 & 72 & 81 & 85 \\
\text{Mosaico de cultivos (padrão complexo)} & 59 & 74 & 82 & 86 \\
\text{Áreas predominantemente agrícolas} & 59 & 74 & 82 & 86 \\
\text{Sistemas agroflorestais} & 43 & 65 & 76 & 82 \\
\text{Floresta latifoliada} & 36 & 60 & 73 & 79 \\
\text{Floresta de coníferas} & 36 & 60 & 73 & 79 \\
\text{Floresta mista} & 36 & 60 & 73 & 79 \\
\text{Campo natural} & 39 & 61 & 74 & 80 \\
\text{Charnecas/urzais} & 77 & 86 & 91 & 94 \\
\text{Vegetação lenhosa em transição (capoeira)} & 35 & 56 & 70 & 77 \\
\text{Praias, dunas e planícies arenosas} & 55 & 72 & 81 & 86 \\
\text{Afloramento rochoso} & 77 & 86 & 91 & 94 \\
\text{Áreas com vegetação esparsa} & 74 & 83 & 88 & 90 \\
\text{Áreas queimadas} & 77 & 86 & 91 & 94 \\
\text{Banhados/áreas alagadiças interiores} & 98 & 98 & 98 & 98 \\
\text{Turfeiras} & 98 & 98 & 98 & 98 \\
\text{Cursos d’água} & 100 & 100 & 100 & 100 \\
\text{Corpos hídricos} & 100 & 100 & 100 & 100 \\
\hline
\end{array}
\]

1.1.4 – Vazão de Base

A vazão de base pode ser estimada de diversas formas. Uma seria computar a Q95 com base nos dados de uma estação fluviométrica perto da seção da ponte.

Outra abordagem pode ser o uso de regionalização de vazões. Em outras palavras, dada uma estação próxima em uma bacia de condições hidrológicas semelhantes, podemos estimar a vazão de base na seção sem os dados como $Q = Q_n \times (A / A_n)$, onde $n$ representa o índice da estação mais próxima e $A$ é a área de drenagem.

Nesse projeto, vamos considerar uma vazão de base constante de $q_b = 5 m^3/s $.

Esse valor será acrescentado à vazão de pico do hidrograma.

1.1.5 – Seção exutória

Um levantamento feito na seção exutória da bacia é utilizado para determinar a curva cota-área da seção, bem como a rugosidade média de cada sub-trecho.

 

Ponto Cota (m) Trecho Manning Distância Horizontal (m)
1 103.425 1 – 2 0.03 5.140
2 103.205 2 – 3 0.03 4.860
3 101.09 3 – 4 0.03 2.660
4 100.15 4 – 5 0.03 4.125
5 100.033 5 – 6 0.03 3.355
6 99.576 6 – 7 0.03 3.405
7 97.043 7 – 8 0.03 5.215
8 97.057 8 – 9 0.03 5.610
9 97.366 9 – 10 0.03 5.625
10 99.964 10 – 11 0.03 6.180
11 100.667 11 – 12 0.03 3.820
12 101.366 12 – 13 0.03 4.665
13 102.967 13 –  0.03

 

O talvegue foi estimado com declividade média de = 1.5%

2 – Resultados – Estudo Hidrológico e Hidráulico de Pontes

Os resultados mínimos necessários para a elaboração de Estudo Hidrológico e Hidráulico de Pontes são apresentados aqui adiante.

2.1 – Chuva de Projeto

Estudo Hidrológico e Hidráulico de Pontes

2.2 – Curve Number Medio

Fazendo-se a média ponderada entre todos os curve-numbers e áreas adotadas, tem-se que:

$$
CN = \sum_{i = 1}^n A_i . C_i
$$

Onde $n$ representa o número de tipos de uso e ocupação e $A$ representa a área de drenagem de cada um destes.

Portanto, o $CN$ médio é de 66.79.

2.3 – Tempo de Concentração

O tempo de concentração é necessário para determinar a duração mínima que a chuva terá no projeto.

Desse modo, sua estimativa levou em conta diversas fórmulas e os resultados são apresentados no gráfico abaixo:

Estudo Hidrológico e Hidráulico de Pontes

Os resultados apresentados pelos métodos acima indicam que não seria um absurdo adotar um tempo de concentração de 90 minutos para essa bacia.

Portanto o tempo de concentração adotado nesse projeto é de 90 minutos.

2.4 – Hidrograma de Projeto

Finalmente, tendo em posse o curve-number médio, o hietograma, a área da bacia e o tempo de concentração, podemos determinar o hidrograma de projeto usando a teoria do hidrograma unitário do método SCS.

Alguns parâmetros precisam ser calculados como:

$S = 25400/CN – 254 = 126 \text{mm}$

$I_a = 0.2*S = 25 \text{mm}$

$t_L = 0.6*t_c = 54 \text{min}$

$t_R / 2 = 7.5 \text{min}$

$t_p = t_L + t_R = 61.5 \text{min}$

$t_b = 2.67*t_p = 164.2 \text{min}$

Os resultados gerais da simulação feita pelo método SCS são apresentados na tabela abaixo, em excessão da convolução do hidrograma que foi omitida.

t [h] Passo Tempo [min] Precipitação [mm/h] Precipitação [mm] Precipitação acumulada [mm] Chuva Excedente – acum [mm] ΔR [mm] Vazão [m³/s]
0.25 1 15 49.3 12.32 12.32 0.00 0.00 5.00
0.5 2 30 81.8 20.44 32.76 0.42 0.42 5.00
0.75 3 45 166.3 41.58 74.34 13.73 13.31 6.25
1 4 60 112.6 28.16 102.50 29.31 15.57 47.03
1.25 5 75 62.3 15.58 118.08 39.32 10.01 134.07
1.5 6 90 40.1 10.02 128.10 46.15 6.83 250.82
1.75 7 105 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 386.01
2 8 120 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 461.80
2.25 9 135 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 464.33
2.5 10 150 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 417.68
2.75 11 165 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 337.64
3 12 180 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 255.58
3.25 13 195 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 173.62
3.5 14 210 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 95.93
3.75 15 225 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 42.52
4 16 240 0.0 0.00 0.00 0.00 0.00 15.29

Onde $\Delta R$ é a precipitação efetiva que houve em cada

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Os resultados mostrados na tabela anterior demonstram que a vazão de pico ($Q_p$) é de cerca de 464 m³/s, enquanto que o volume de escoamento superficial é de aproximadamente 4,6 m³ a cada 100 m² da bacia hidrográfica.

Isso significa que, se você captar a água em uma área de 100 m², conseguiria encher uma piscina de 4600 L.

2.5 – Cota de projeto para TR = 100 anos

Com a posse de todos os dados anteriores provenientes do estudo hidrológico de determinação de máximas vazões de pico, o próximo passo é determinar qual é a cota que essa vazão geraria na seção exutória em estudo.

Assim, uma maneira simplificada e prática muito utilizada nesse caso é assumir o escoamento em regime permanente e uniforme para a seção exutória

Desse modo, dada a vazão de pico estimada no projeto, basta determinar iterativamente a cota de projeto que ela geraria.

Essa cota é o resultado principal do Estudo Hidrológico e Hidráulico de Pontes.

2.5.1 – Modelo Hidráulico

De maneira geral, queremos resolver a equação de Manning para diversos coeficientes e diversas seções, tal que:

$$Q_{tot} = Q_{1} + Q_{2} \dots + Q_{n}$$

onde n representa o número de seções que uma seção transversal é subdividida

Para calcularmos cada uma das subcontribuições, podemos aplicar a equação de Manning.

$$Q_i = \frac{1}{n_i}A_i(h).R_{h,i}(h)^{2/3}.S_0^{1/2}$$

Onde $A_i$ é a área de seção transversal da seção i, $R_h$ seu raio hidráulico e $S_0$ sua declividade, assumida como a declividade de fundo.

2.5.1.1 – Perímetro Molhado

Dada uma seção i definida pelas cotas dos pontos $i$ e $i + 1$ (andando da esquerda para a direita) e sabendo-se a distância horizontal entre esses dois pontos assumida como $d_i$, o perímetro molhado dessa seção é justamente a hipotenusa do triângulo formado pelas duas cotas verticais juntamente com a distância horizontal, de modo que:

$$P_i = \sqrt{d_i^2 + (\text{abs}(C_i – C_{i+1}))^2}$$

Onde $C_i$ representa a cota levantada no ponto $i$.

2.5.1.2 – Área Molhada

Dada a mesma subseção do item anterior, a área molhada pode ser estimada como a área de um trapézio.

Vamos assumir que na seção transversal chegue um nível d’água $NA$, tomado em relação à uma referência igual a referência das cotas da seção.

A área molhada que uma subseção que vai do ponto $i$ ao ponto $i+1$ é tal que:

$$A_i = (NA – C_i)d_i + (C_i – C_{i+1})\frac{d_i}{2}$$

Desse modo, observa-se naturalmente que, se o nível d’água for inferior à menor cota da seção, não há vazão nesse subtrecho.

Contudo, caso o nível d’água esteja em um valor entre as duas cotas que determinam uma seção, significa que será necessário fazer uma interpolação dos dados para determinar com precisão qual a área e o perímetro molhados.

2.5.1.3 – Raio Hidráulico

O raio hidráulico de uma subseção pertencente a uma seção transversal em estudo é, em linhas gerais, a razão entre a área molhada e o perímetro molhado, de modo que:

$$R_{h,i} = \frac{A_i}{P_i}$$

2.5.1.3 – Vazão Total

Dados as fórmulações de área molhada, perímetro molhado e raio hidráulico, podemos escrever uma equação mais generalista para a vazão total, de tal sorte que:

$$Q_{tot} = \sum_{i=1}^{n_t}\frac{1}{n_i}.A_i(y).(R_{h,i}(y))^{2/3}.S_0^{1/2}$$

Onde $n_t$ é o número de subseções.

O problema que devemos resolver é justamente encontrar $y$ tal que $Q_{tot} = Q_p$.

Para isso, definimos uma função de erro $$E = (Q_{tot} – Q_{p})^2$$

Assim, minimizamos essa função ao ajustar a célula variável que define a altura na seção ($h$).

De maneira geral, esse problema pode ser facilmente resolvido utilizando a ferramenta do solver no Excel.

Portanto, resolvendo o problema para os dados do projeto, temos que:

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2.6 – Determinação da curva TR x Cota

Uma análise interessante do estudo de canais abertos é a determinação de curvas que mostram como variam-se as cotas máximas de projeto para diversos tempos de retorno

Nesse estudo, temos como objetivo avaliar qual a cota para tempos de retorno de 1, 2, 5, 10, 25, 50, 75 e 100 anos.

Portanto, fazemos o seguinte procedimento:

  1. Alteramos o tempo de retorno e calculamos o hidrograma resultante
  2. Salvamos a vazão máxima de pico
  3. Resolvemos o problema da determinação da cota no canal
  4. Salvamos a cota máxima de projeto
  5. Repetimos o processo para todos os tempos de retorno

O resultado dessa análise é apresentado abaixo

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Observa-se uma grande variação na altura d’água, isto é, na taxa de variação da altura em relação ao tempo de retorno, próxima de TR = 10 para TR = 25 anos.

3.0 – Conclusões

Os estudos hidrológicos e hidráulicos para determinar as cotas máximas em pontes devem ser elaborados com métodos aplicáveis à bacia de estudo.

Além disso, nesse artigo desenvolvemos um estudo para a determinação da cota máxima de 100 anos, bem como das cotas para tempos de 1, 2, 5, 10, 25, 50 e 75 anos.

Desse modo, uma planilha 100% automática que faz esses estudos hidrológicos e hidráulicos foi elaborada e está disponível para compra aqui ou logo abaixo:

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